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domingo, 26 de maio de 2013

Saudades do rio


Este poema foi publicado há uns anos pelo jornal local e guardei-o porque exprime muito bem o que sentem as pessoas mais velhas que conheceram o rio no tempo em que ele estava ainda vivo e era respeitado e fazia realmente parte da vida das pessoas.

domingo, 28 de abril de 2013

OS LUGARES DA DEUSA



Vista em frente à capela da Senhora da Luz, Rio Maior


"Pedras que provêm dos céus ou das profundezas vulcânicas, ou naturalmente moldadas com formas que evocam o feminino; montes que lembram os seios da Deusa; fontes, frias ou quentes, donde jorra a água da vida do Seu útero; poços e caves que conduzem ao misterioso reino do nascimento e da morte; densas florestas cujos caminhos são incertos, e onde habitam  estranhos seres; searas e jardins; bandos e rebanhos – eis as teofanias da Deusa”

Ean Begg, The Cult of the Black Virgin, Penguin

Gruta da Senhora da Luz, Rio Maior

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Locais do Culto da Deusa, Rio Maior


Numa altura em que exercia o cargo de director do, então já, "Museu Etnológico do Dr. Leite de Vasconcelos", Manuel Heleno, explorou várias estações arqueológicas de Rio Maior, região particularmente abundante em arqueossítios, mercê das condições naturais que desde cedo propiciaram a sua procura por parte de comunidades humanas (Cf. BARBOSA, F., BARBOSA, F. B., PAÇO, A. do e SOUSA, J. do N., 1959). O local era, no entanto, já conhecido, como comprova o facto de ter sido alvo de classificação, como "Monumento Nacional", em 1934 (Cf. CARDOZO, M., 1941).

De entre estes sítios, destaca-se a necrópole neolítica e calcolítica acompanhada de um conjunto significativo de espólio funerário associado, conhecida pela designação de "Gruta em Nossa Senhora da Luz", rasgada em calcários do Jurássico médio, inicialmente explorada entre 1935 e 1936, à qual se associaram posteriores campanhas decorrentes até 1942, tendo o abundante espólio recolhido à época sido conduzido para o actual "Museu Nacional de Arqueologia" (CARDOSO, J. L., CARREIRA, I. M. da C. e CARREIRA, M. I. M., 1996, p. 195; Cf. FERREIRA, O. da V., 1970), caracterizando a sua ocupação ocorrida ao longo de quatro fases: Neolítico antigo, Neolítico final, Calcolítico pré-campaniforme e campaniforme.

Do vastíssimo conjunto de artefactos então exumados, constam diversos exemplares de indústria lítica, como machados, enxós e escopros, no que se refere aos utensílios de pedra polida, assim como trapézios, crescentes, triângulos e lamelas, no respeitante a indústrias microlíticas de pedra lascada, abundando, ainda, exemplares de furadores, pontas de seta, de par com testemunhos, entre outros, de alabardas e punhais. Quanto às indústrias ósseas, elas encontram-se de igual modo bem representadas, nomeadamente através de furadores e pontas, bem como objectos de adorno executados em osso e concha.

Integráveis no denominado "universo de carácter mágico-simbólico", consta um exemplar liso de cilindro de calcário, "[...] idêntico aos numerosos cilindros exumados em povoados e necrópoles da Estremadura e do Sul de Portugal." (Id., Idem, p. 236). Acresce a este artefacto um machado votivo e dois vasos de calcário, estes últimos a corporalizar, na opinião de alguns autores, "[...] a adaptação ao calcário - matéria-prima usualmente conotada com o fabrico de artefactos mágico-simbólicos no Calcolítico - de formas pré-existentes [...]." (Ibid.).

No que se refere à cerâmica, normalmente sempre mais representada nas estações arqueológicas, em razão da sua natureza e da frequência com a qual era produzida e utilizada no quotidiano das comunidades que dela fruíam, a necrópole forneceu fragmentos de diferentes tipologias lisas, como esféricos, taças em calote e carenadas, conjuntamente a exemplares decorados neolíticos, calcolíticos e balizados já na Idade do Bronze (Id., Idem, pp. 238-246).
[AMartins]

http://www.igespar.pt/pt/patrimonio/pesquisa/geral/patrimonioimovel/detail/70288/


Imagem: Google, trata-se dum exemplo de cilindro votivo, não propriamente daquele que foi encontrado em Rio Maior na Gruta da Senhora da Luz

RIO MAIOR - ABRIGO DAS BOCAS



Vaso neolítico encontrado no Abrigo das Bocas, zona da nascente do rio, a oeste de Rio Maior, direção das Caldas da Rainha

http://www.mnarqueologia-ipmuseus.pt/?a=3&x=3&i=307


terça-feira, 9 de abril de 2013

Lugar da Deusa




Nas imediações da Senhora da Luz


(...) Mas quando investigamos a primitiva, esquecida e renegada tradição da Deusa, ainda existem neste país muitas surpresas e lugares não mapeados para uma investigadora amadora como eu. Se estivermos atent@s, e de antenas mais ou menos afinadas, estou convencida de que podemos vir a encontrá-los quase ao sair da porta de casa para fora. Foi o que me aconteceu aqui, no concelho onde vivo, com uma capela da Senhora da Luz que esteve anos e anos ao abandono e que subitamente começou a ganhar vida e a ter a sua festa anual. Curiosamente era um sítio onde havia uma bonita roseira branca antiga; cheguei a ir lá muitas vezes apanhar rosas, que perduravam até muito tarde, havendo por vezes ainda rosas pelo Ano Novo.

Esta construção dos anos 50 do século XX fica nas imediações das grutas de Rio Maior, que são igualmente dedicadas à Senhora da Luz, perto da nascente do próprio rio. É óbvio para mim que o conjunto constitui um local sagrado da Deusa por excelência, com a gruta como representação do Seu útero, onde se regressa na morte, e portanto ligada ao aspeto Anciã, e logo a seguir a capela dedicada à Donzela, possivelmente construída num sítio que há muito já era sagrado. Sabemos que as grutas de Rio Maior, hoje monumentos nacionais, foram lugares sagrados onde se acharam, para além de ossadas, objetos votivos que estão atualmente no Museu Nacional de Arqueologia.

Mas voltando à capela da Senhora da Luz, o mais interessante no conjunto, quanto a mim, é a vista que se tem à nossa frente, quando viramos as costas ao altar. Do outro lado da estrada, para lá do rio, dois montes contíguos são… os seios da Deusa, algo de muito sagrado na paisagem em tempos pagãos, quando a terra era considerada o Seu próprio corpo. Esta associação, que o puritanismo católico parece ter aqui erradicado por completo da nossa memória, perdura por exemplo em relação às montanhas gémeas da Irlanda denominadas Paps of Anu, sendo Anu um outro nome da Deusa conhecida por Dana ou Danu.

Quanto ao elemento luz deste local sagrado, é possível que estivesse relacionado com algum fenómeno astronómico, envolvendo o Sol, a Lua ou qualquer constelação, hoje em dia difícil de perceber pela nossa profunda ignorância das coisas do céu.

©Luiza Frazão

Divindade Protetora do Rio


Esta é a famosa Ninfa do Rio Maior, encontrada na Villa Romana.
Sobre ela pode ler-se no site Portugal Romano:

"Esta peça é de grande importância dado existirem fortes possibilidades de se tratar de uma representação ou personificação de uma divindade tutelar da região de Rio Maior na época romana".

Texto e imagem: http://www.portugalromano.com/2011/11/villa-romana-de-rio-maior-rio-maior/

Um Lugar Sagrado



"Rio Maior era considerado um lugar sagrado e alvo de culto, iniciado nos períodos pré-históricos e continuando durante a romanização. Defronte às nascentes do Rio Maior, no lugar das Bocas do Rio Maior, nos anos 30 do século XX foram encontrados vestígios que poderiam ter pertencido a um pequeno templete romano.
Ainda hoje existem sinais desse culto transformado em festa cíclica anual que todos os anos, no domingo de Pascoela, leva nuitos riomaiorenses até às Bocas para celebrar o Dia do Bom Verão."

in http://www.portugalromano.com/2011/11/villa-romana-de-rio-maior-rio-maior/